sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Psicologia: uma visão geral


Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.

Definir o que é Psicologia não é uma tarefa muito fácil. No imaginário coletivo muitas vezes a Psicologia está associada ao ocultismo. É como se o Psicólogo fosse alguém capaz de usar certos poderes místicos, poderes que o capacitam para mergulhar no mais profundo da mente humana. Isso não é verdade em dois sentidos.


Primeiramente, o psicólogo não é alguém que possui poderes místicos, muito, embora, não seja incomum ouvir relatos sobre profissionais, que na prática clínica usam de artifícios que remontam à prática do ocultismo. Há quem faça uso de tarô, velas coloridas com incensos, promete regressão a vidas passadas etc. Mas nada disso pertence ao arsenal de instrumentos de intervenção que gozem de respaldo científico e muito menos de respaldo legal.

Estas práticas não guardam qualquer relação com o trabalho do profissional da Psicologia. Não são reconhecidas cientificamente e nem juridicamente. O uso deste tipo de intervenção é passível de denúncia aos órgãos responsáveis pela fiscalização da profissão: Conselhos Regionais de Psicologia e Conselho Federal de Psicologia. São práticas que levam a crença em filosofias religiosas muito particulares, e é vedado ao Psicólogo, conforme o Código de Ética dos Profissionais da Psicologia, a utilização de qualquer tipo de prática que possa induzir convicções religiosas.

Se não é verdade que o profissional da Psicologia é alguém que possua poderes místicos, também não é verdade que ele seja capaz de mergulhar na mente humana. Pode parecer estranho fazer tal afirmação, tendo em vista que que etimologicamente Psicologia signifique “estudo da mente”. Psi – letra grega que significa alma ou mente – e logia – estudo. Então a Psicologia seria a ciência que estuda a mente humana.


Há controvérsias a este respeito. A definição de Psicologia vai depender da abordagem teórica utilizada para entender o que é a própria Psicologia. Na Psicologia temos diversas abordagens teóricas. O que são abordagens teóricas? São teorias, são explicações sobre certos aspectos do mundo em que vivemos. Há teorias sociológicas, que tentam explicar o funcionamento da sociedade. Há teorias psicológicas, que tentam explicar o funcionamento do ser humano. Há diversas teorias em cada campo do saber científico. Cada uma ao seu modo tenta explicar o seu objeto de estudos.

Então na Psicologia temos diversas explicações sobre o funcionamento do ser humano, diversas tentativas de explicações que tentam dar conta da complexidade do comportamento humano. Mas temos basicamente dois tipos de teorias: as teorias mentalistas e as não mentalistas.

As teorias mentalistas são aquelas que tentam explicar o comportamento humano invocando a existência de estruturas, instâncias e processos mentais. Um exemplo de teoria mentalista é a Psicanálise, cujo criador é Sigmund Freud. Todo mundo um dia já ouviu falar de Freud ou de Psicanálise. A Psicanálise fala da existência de certas instâncias (estruturas) mentais responsáveis pelo funcionamento do ser humano, pelo seu comportamento. Basicamente são três estas estruturas: id, ego e superego. Cada uma delas responsáveis por certas funções.

                                             Sigmund Freud

Mas a Psicanálise já não é unanimidade na Psicologia há algum tempo, mas isso não nos interessa no momento. O que nos interessa é saber que existem outras formas de explicar o comportamento que não sejam somente através da invocação de estruturas e processos mentais. Pode parecer estranho afirmar que a Psicologia pode não ser a ciência da mente e sim a ciência do comportamento. Isso soa estranho porque estamos acostumados demais a ouvir dizer que a Psicologia é a ciência da mente.

Lembram que afirmei agora há pouco que há basicamente dois tipos de teorias em Psicologia? Existem as mentalistas, e a Psicanálise foi citada como exemplo, embora não seja a única. Existem inúmeras outras teorias mentalistas. No entanto, existem também as teorias não mentalistas. Estas são teorias que não invocam a existência da mente para explicar o agir humano. E o maior representante destas teorias é o Behaviorismo Radical de B. F. Skinner.

                                                          B. F. Skinner

Não é interesse no momento esclarecer o que é o Behaviorismo Radical. Isso será feito em outros posts. O que interessa é deixar claro que existem outras propostas de psicologia que não necessariamente apelam para a existência de estruturas mentais para explicar o comportamento humano. Estas teorias geralmente possuem um viés mais “sociológico”, pois atribuem ao ambiente físico e principalmente social o papel de agente causador do comportamento. Normalmente rompem com o individualismo mentalista, pois demonstram que a mudança do comportamento é produto da mudança do ambiente em que esse comportamento ocorre. Não haveria mudança de comportamento sem mudança do ambiente.

Até aqui aprendemos uma coisa importante: a definição de Psicologia dependerá da abordagem teórica que sustenta a própria definição. Aprendemos também que há diversas abordagens teóricas em psicologia, mas que basicamente elas podem ser divididas em mentalistas e não mentalistas. Mentalistas invocam a existência da mente para explicar o comportamento. Não mentalistas atribuem ao ambiente o papel de agente causador do comportamento.

Assim como há uma variedade de abordagens em Psicologia, há também uma variedade de áreas em que o psicólogo pode atuar. Tradicionalmente quando se pensa no trabalho do psicólogo, inevitavelmente se pensa na atuação clínica. A clínica é apenas uma das áreas em que o profissional da Psicologia pode trabalhar. Há outras. Citemos algumas: organizacional (empresas), jurídica, hospitalar, educacional, esportes etc.

A atuação em cada uma destas áreas será condicionada pelo olhar teórico do Psicólogo. Também as técnicas de intervenção serão condicionadas pelo olhar teórico. Indiferente da área de atuação o papel do psicólogo é promover o bem estar do ser humano. Ele faz isso de diversas formas, mas principalmente ajudando as pessoas a entenderem e modificarem suas emoções e comportamentos.

Outros artigos semelhantes a este? Abaixo você encontra outras indicações de leituras do Café com Ciência, não deixe de conferir.


2 comentários:

  1. Olá, Bruno!
    Gostei muito da sua proposta neste Blog! Estarei acompanhando. =)
    Sua narrativa permite a qualquer leitor compreender de fato o que é a Psicologia. E considero esse Post interessante, inclusive, para aqueles que desejam tentar a área com entendimentos equivocados.
    Abraços!

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  2. Obrigado Francine! Fico feliz que tenha gostado, e fico ainda mais feliz por você decidir seguir o blog. Me coloco a disposição em qualquer eventualidade e será sempre um prazer trocar algumas ideias.

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Obrigado por participar!